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sábado, 14 de maio de 2011

AMOR E REVOLUÇÃO: apenas boa intenção


  A novela amor e revolução está definitivamente indo ao fracasso. Foi uma boa iniciativa abordar e conscientizar, nesse meio tão popular, algo tão sério no nosso país e pouco discutido pela maioria da população que é a ditadura militar. Porém, a produção é péssima; parece mais que assistimos uma tele-aula de história que uma ficção. Talvez pela gana exagerada de mostrar de como realmente ocorreram os fatos.
  Já era hora. Como a maioria do povo não conhece essa parte de nossa história, uma parcela da elite empresarial brasileira que apoiava a ditadura teve oportunidade de forçosamente criar os “tabus” que hoje nos impede de discutir essa época.        Então é evidente a necessidade da comissão da verdade e a punição aos torturadores. Pra quem tinha esperança, antes de ela começar a ser transmitida, de que teria um efeito conscientizador, se decepcionou. Está havendo até uma queda na audiência, mas isso porque não caiu no gosto popular. Há ousadas cenas, como beijo gay; o que para as concorrentes TVs, por enquanto, é impensável (e está de parabéns). Isso fez subir um pouco no ibope, mesmo assim, não é suficiente. Não por tentar ser intectualoide; isso diriam os viciados nas outras “novelas fast-food” (só agradam, mas não nutrem culturalmente) e sim pelo roteiro ruim. Durante diálogos das personagens vemos a necessidade de informar e não de atuar. É um desperdício do talento dos atores. É preciso artisticamente emocionar, impactar, fazer o espectador pensar e não como se estivesse a fazer um documentário. Dessa maneira acaba não merecendo ter como trilha sonora músicas da época do regime militar que serviam como única forma de protesto que tivesse grande alcanço, já que os meios de comunicação que restavam da peneira da censura eram controlados pelos militares.
  A novela pode estar nessa desarmonia, sem um roteiro com estrutura ou rumo certo, no entanto se conciliar o cânone das pessoas que assistem às outras (mas não se rendendo a ele) com uma obra coerente que não apele ao sensacionalismo ou comédia pueril (sestro de Walcyr Carrasco) começará a apresentar resultados assim como na novela Cordel Encantado, cujo autor tenta inovar e a audiência é cada vez maior.

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